sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Capítulo Trinta e Nove - Um pouquinho de dignidade

Maria da Felicidade estava lavando a roupa quando ouve alguém bater palmas no portão da sua casa. Enxuga as mãos e vai atender quem quer que seja.
-Bom dia.
-Bom dia.
-Eu faço parte de uma associação que cuida de pessoas necessitadas. A senhora não teria alguma coisa pra nos ajudar? Roupas, alimentos?
-O senhor vai me desculpar, mas sabe como é... eu tô desempregada há três meses e as crianças dão uma despesa danada...
-Nem mesmo um calçado que não sirva mais nos seus filhos?
-Eu ficaria muito grata em ajudar, mas...
-Se não for muito incômodo, gostaria de pedir mais uma coisinha...
-Se for de graça...
-Bom, dinheiro não custa.... eu queria saber se a senhora não teria aí um pouquinho de dignidade?
-Tenho não, meu marido levou o pouco que eu tinha quando foi embora com aquela vagabunda...
-Esperança então, nem pensar...
-O que eu tenho mal dá pra todos meus filhos...
-Olha, se a senhora quiser, posso te dar o endereço da nossa associação para podermos te ajudar com qualquer coisa que precise...
-Imagina moço, eu não teria coragem de tirar a ajuda dos outros que tão precisando mais que eu...