sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

Capítulo Quinze - Quando Não Há Mais Nada Pra Se Dizer...

-Mas, vô, eu sou mesmo muito diferente dos outros adolescentes...
-Se cada vez que um adolescente dissesse que é diferente de todos os outros, eu ficasse um dia mais novo, eu é que estaria reclamando de ser diferente, se é que você me entende...
-Se é assim, então somos todos realmente diferentes uns dos outros, não?
-De certa forma, sim, mas aí é que está o problema, se todo mundo quer ser diferente, acaba sendo igual por querer ser diferente.
-Tá, mas a semelhança acaba aí...
-Teoricamente, sim, mas não é possível existir tantas pessoas tão diferentes. Além do mais os jovens, mas não só eles, pra se destacarem da multidão se juntam em grupos com pessoas iguais, que conhecem mais um monte de grupo de pessoas iguais, e ficam nessa contradição...
-Mas ainda assim é pouca gente perto dessa multidão de pessoas no mundo...
-Eu acho que ser original é um dos maiores problemas, talvez o maior, hoje em dia, com tanta informação por aí.
-Pois é.
-É.
-E então? Acabou o assunto?
-É, qualquer coisa que eu dissesse não ia fazer diferença, por que alguém já disse antes...
-Então te vejo mais tarde. Tchau, vô!
-Tchau.
E o velho foi dormir. Por que ao menos os seus sonhos eram criativos. Esquisitos. Mas criativos.